Geração beat, preciosidade para poucos. Foram os declamadores do amor levado pelos trens de carga, os poetas bêbados de 40, os amantes dos becos sem saída, e criaram para mim, minha surrealidade niilista. Tenho que agradecer a Jack Kerouac, a Neil Cassady, a Allen Ginsberg, e alguns mais pela inspiração, pela reviravolta de minha monotonia e pelas ideias flutuantes que pipocam numa mente jovem.
Aqui vai um poema do Ginsberg, retirado do livro "O uivo", um dos que me acalentam toda vez que penso em amor:
Canção
O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação
o peso
o peso que carregamos
é o amor.
Quem poderia nega-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -
sai para fora do coração
ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
é o amor,
mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.
Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não se pode ser amargo
não pode ser negado
não poe ser contido
quando negado:
o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda excelência
do seu excesso.
Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -
sim, sim,
é isso o que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasi.
San Jose, 1954
Se meu coração tivesse uma porta, essas palavras já estariam lá.
ResponderExcluirDeixo elas entrarem então...
pela minha cabeça.